O maior problema das novas organizações
empresariais dentro da economia criativa é que elas não estão realmente
mudadas. Não existe alteração real nos padrões de relacionamento das pessoas
que habitam ou orbitam o ecossistema da empresa. O social não é o conjunto de
indivíduos, e sim o que existe entre as pessoas.
As redes não conseguem existir por elas
mesmas....
Os erros: (retirado da página 29 do texto
Economia Criativa - um olhar para projetos brasileiros)
"Redes implantadas top down por instâncias
hierárquicas têm tudo para dar errado. É. Semente de rede é rede. Organizações
hierárquicas (quer dizer, mais
centralizadas
do que distribuídas) não podem gerar
redes.
• Redes de instâncias hierárquicas em vez de
pessoas têm tudo para dar errado. Redes sociais distribuídas são sempre de pessoas.
Se você quiser conectar em rede organizações hierárquicas, você terá uma rede
descentralizada (multicentralizada), não distribuída. Cada pirâmide que você conectar
atuará na rede como um obstáculo ao fluxo ou como um filtro, só deixando passar
o que está conforme aos seus próprios circuitos de aprisionamento, de looping,
sem os quais ela não se teria constituído como organização hierárquica.
• Redes de adesão compulsória têm tudo para
dar errado. Sim, as redes distribuídas são ambientes de liberdade, de não obediência,
de voluntariado. Se você manda alguém se conectar a uma rede e essa pessoa obedece,
pode esquecer: ela só vai interagir quando você mandar de novo. E se você
mandar de novo, você centralizará a rede, como é óbvio. Ela passará a ser uma hierarquia
(uma rede centralizada).
• Redes monitoradas pela direção da
empresa a partir de padrões de comando-e-controle têm tudo para dar errado. É a
mesma coisa do parágrafo anterior. Se você vai experimentar redes na sua empresa,
deixe de lado essa obsessão de mandar nos outros, vigiá-los, puni-los ou recompensá-los.
• Redes avaliadas com métricas fixas,
estabelecidas ex ante, têm tudo para dar errado. De novo, é a mesma coisa dos
dois tópicos anteriores. As redes são estruturas móveis que se auto-organizam,
definem seus próprios caminhos (e redes são múltiplos caminhos: taí uma boa e
econômica definição de rede distribuída) e traçam e modificam seus próprios
objetivos. Elas podem, é claro, ter um objetivo inicial se forem voluntariamente
articuladas. Por exemplo: estimular a inovação dentro da organização. Mas é preciso
ver que, para tanto, no caso, elas mesmas têm de ser inovadoras. E, se forem
inovadoras, elas introduzirão continuamente mudanças nos planos iniciais. Portanto,
suas réguas não se aplicarão.
• Redes com um escopo prefixado têm tudo
para dar errado. Mais uma vez: é a mesma coisa dos três tópicos anteriores. Podemos
saber como começa uma rede, mas não como ela vai se desenvolver. É um troço
vivo, entende?
• Redes corporativas fechadas aos
stakeholders têm tudo para dar errado. Não existe rede distribuída murada,
fechada, trancada com porta e fechadura. Se você quiser trancar, desatalhará
clusters. Se sua empresa quer estimular a articulação de redes, ela deve estar
preparada para entender como funcionam as membranas (já notou que tudo que é
vivo, sustentável, nunca está separado do meio por paredes opacas, e, sim, por
membranas?). Isso exige um entendimento de que a empresa não é a unidade
administrativo-produtiva isolada, e, sim, uma comunidade de negócios configurada
na rede de seus stakeholders. A empresa só adquirirá sustentabilidade se
funcionar mais ou menos como um organismo vivo, que não existe fora de seu ecossistema
(já notou que tudo que é sustentável tem o padrão de rede?). Então? É preciso
pensar no ecossistema da empresa.
• Redes que confundem as ferramentas com
as pessoas, tomando as mídias sociais (plataformas, sites, portais e outros
mecanismos de comunicação) pelas redes sociais, têm tudo para dar errado. Isso
mesmo. Como disse anteriormente, redes sociais são pessoas interagindo, não ferramentas.
Ferramentas de comunicação são mídias, não redes sociais. Mesmo quando lançamos
mão de plataformas interativas para fazer
netweaving, temos que estar cientes de uma coisa tão óbvia que deveria ser
até desnecessário repetir: o site da rede não é a rede!"